Pages

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Édipo Rei



Verifica-se que a essencialidade do ser, apresentado no mito, mesmo com a antigüidade, é perene. O mito de Édipo apresenta diferentes formas de interpretação das ações inerentes aos homens segundo interesses de cada um.
                                   (fragmento do artigo  O MITO DE ÉDIPO Uma hermenêutica antropológica)

 Édipo foi o condutor do inquérito, o promotor, o juiz, o carrasco e o réu de si mesmo. Ele consegue ter êxito no inquérito, êxito esse que o destrói.

                 (fragmento do artigo  A Emergência do Inquérito como  Figura  de Verdade  no Quadro do Pensamento Grego)

   De maneira geral, essa tragédia busca expor o ser humano em sua essência, dentro de suas fraquezas e potencialidades. Remete-nos a um questionamento: será que somos plenamente, a ponto de responsabilizarmos pelos nossos atos?
                                                     (fragmento do artigo  O MITO DE ÉDIPO Uma hermenêutica antropológica)






Tive grandes dores de cabeça com a disciplina de Teoria da Literatura, pois não é tão simples estudar Aristóteles, Horácio, Terry Eagleton, Boris Eikhenbaum, formalistas e estruturalistas russos, entre muitos outros. Mas foram nas Teorias (Teoria do Teatro, da Poesia, da Narrativa, etc) que conheci as maiores riquezas da Literatura Universal, com destaque para o gregos. Apaixonei-me pelo Teatro grego, principalmente pelas tragédias, que, indubitavelmente, têm como maior exemplo Édipo Rei.


A tragédia é uma das maiores heranças do teatro deixada pelos gregos. Aristóteles, na Poética, aborda minuciosamente esse gênero e considera Édipo Rei o exemplo mais perfeito de tragédia grega. É a imitação de ações de caráter elevado, focalizando a vida e os atos dos homens superiores. Acredita-se que tenha se originado nas festas e rituais dedicados ao deus Dionísio, posteriormente foi tomando um sentido mais amplo e complexo, contendo mitos, conflitos existencialista, passionalismo, etc. O teatro grego teve três grandes tragediógrafos; Ésquilo, Eurípedes e Sófocles. Este último gozou de uma próspera vida.

Sófocles era de uma família abastada, teve uma excelente educação, integrou no coro de jovens, contemplou a expansão imperialista ateniense com Péricles e também sua decadência na Guerra do Peloponeso. Participou da política ativamente, ganhou diversos concursos dramáticos, chegou a derrotar Ésquilo. Escreveu aproximadamente cento e vinte peças, mas apenas sete chegaram até nós. Das sete, as mais famosas são as relacionados ao mito de Édipo ( Édipo Rei, Antígona e Édipo em Colono). A última peça, Édipo em Colono, Sófocles usou-a para se defender no Tribunal de Atenas, pois foi acusado de senilidade pelo próprio filho. Foi absolvido. Morreu aos noventas anos, no mesmo ano em que Eurípedes. Sófocles aborda em suas peças temas que transcendem épocas, conflitos universais que podem ser vivenciados por qualquer pessoa em qualquer tempo. Édipo Rei é um exemplo perfeito da impotência do homem diante do destino.

Merecidamente, Édipo Rei foi considerado o mais perfeito exemplo de tragédia grega, por Aristóteles. É um clássico, pois sobreviveu ao tempo, continua sendo lido avidamente nos dias atuais e certamente será nas próximas gerações, porque sua temática envolve problemas universais vivenciados pelo homem em qualquer época. Assim, o homem se encontra na obra Édipo Rei. O mito de Édipo influenciou até a psicanálise, Freud se baseou nesse mito para definir o Complexo de Édipo, que é o conflito de sentimentos de amor e ódio vivenciados na infância, onde aquele o filho sente pela mãe e este pelo pai, esse complexo é universal. Assim, o complexo e o mito assemelham-se porque ambos envolvem questões éticas, sociais e tabus. Essa é só uma das inúmeras importâncias dessa peça, que cada vez que é lida oferece um leque de novas análises e estudos.

0 comentários:

Postar um comentário